Backburner.
Ou boca de trás do fogão. É o lugar onde CÁPSULAS fica por hoje, imagino, enquanto faço aqui o registro diário dos trabalhos desenvolvidos em chez Abs.
Nenhuma novidade, pode ter certeza, mas mais uma pausa dramática (desnecessária pra alguns) que eu precisava fazer pra adquirir firmeza suficiente nos dedos a fim de voltar a empunhar a caneta e escrever qualquer coisa. O frio hoje não tá perdoando e já penso num par extra de meias.
De qualquer jeito e eliminando impiedosamente essa fala banal de uma vez por todas, acho que estou no mood certo de embromar, sabe como é? Encher lingüiça, mesmo... mas com alguma categoria.
O fato é que me peguei pensando em como CÁPSULAS de repente ficou parecido com outro projeto finado, também de história mais longa, que tinha o título planejado de CARTAS NA MESA.
A premissa era das mais bobas e bem condizente com minha mentalidade na época: um escritor morto encontra-se numa sala escura de um cassino indeterminado conversando com um indivíduo desconhecido. Óbvio que o escritor não sabe que está morto, não sabe que o desconhecido é o diabo e muito menos que o cassino é um dos muitos cantinhos particulares do inferno.
Aliás, ele não sabe de nada, nem mesmo de como foi parar ali.
O diabo, como é de sua natureza, lhe oferece um trato ou pacto, se preferir: responde 'as perguntas do escritor desde que ele lhe conte histórias. "Pra passar o tempo, sabe?", é a justificativa que ele dá.
O outro aquiesce, mas diz que não tem material sobre o qual trabalhar, que não consegue gerar suas idéias espontaneamente e que precisa de estímulo externo pra tanto.
O diabo, então, saca um set de tarot e dá quatro cartas, uma 'a cada vez, sobre as quais o escritor deve produzir suas histórias.
Como na época eu era totalmente ingênuo a respeito de como desenvolver um projeto maior e mais ambicioso, esse me pareceu um recurso digno o bastante pra construir uma trama que não fosse somente peças soltas e sem sentido de uma história maior. Algo que aprendi a partir do momento que tive contato com THE TATOOED MAN e o DECAMERON. Originalidade? Ora, francamente...
Tudo isso pra falar da história que a Torre da destruição me inspirou. Quer dizer, pra não falar, já que se disser qualquer coisa vou estragar completamente qualquer surpresa possível do que está por vir em CÁPSULAS.
Acho que escrevi tudo isso por gostar de saber de onde vem a ficção que costumo ler. E espero, evidentemente, que o leitor tire algum prazer dessa divagação sem pé nem cabeça.
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