Sunday, July 10, 2005

Um tipo de escritor.

É o personagem do roteiro cuja feitura interrompi pra poder fazer meu registro diário. Acho que enquanto estiver de férias o hábito vai continuar. Pena que as benditas não vão durar pra sempre.
De qualquer modo, já tenho o feeling certo da história e tudo o que li hoje contribuiu pra isso. E não foi pouca coisa. 2 jornais, 3 revistas mais trechos dos 3 livros que têm sido minha dieta bibliomântica diária.
Evidente que o eventual leitor não vai precisar ler tudo que leio pra ter uma compreensão do que cada CÁPSULA trata. Mas tem muita coisa absorvida que encontra um jeito de aparecer, independentemente da vontade de quem escreve.
Tem, por exemplo, o fato de eu gostar muito do Naturalismo, que é um movimento literário do final do séc. XIX que se embasava nas teses de Taine e seus contemporâneos pra criar personagens mais próximos da realidade. Taine dizia que todos são fruto do meio, da hereditariedade e das circustâncias.
Como CÁPSULAS trata sempre de PESSOAS é inevitável que eu lembre disso a todo momento. Nada existe no vácuo e, 'as vezes, o leitor será capaz de pescar informações úteis a respeito do "meio, da hereditariedade e das circustâncias" diluídas em cada roteiro.
O mais engraçado nisso é que, na verdade, todos esses elementos são ficcionais e meu trabalho é redobrado, mas mais prazeroso. Em certa medida, a lista de referências se estenderia de modo a abarcar grande parte da produção de FC do século XX, com destaque pro Orwell e pro K.Dick, o primeiro, por 1984, o segundo, por ter sempre abordado seus mundos absurdos através dos olhos do sujeito comum.
Uma vez respondi a uma pergunta relativa 'a presumida morte da FC dizendo que, no mínimo, elementos dela sobreviveriam e seriam incorporados em novas tendências literárias. Hoje em dia acredito muito mais na sobrevivência da FC do que antes. A diferença é que não precisamos mais viajar ao futuro pra participar de mundos loucos e belos.
Basta olhar na vizinhança.

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