Sunday, April 17, 2005

Um gosto qualquer.

Quero, espero, desejo, recuperar, nem que por um ou dois momentos, ainda, a velha sensação de propósito que até há pouco tinha. A única coisa agora é esse vazio, essa chatice, essa ausência. Acima de tudo, a liberdade de ser eu-mesmo, essa criatura mitológica que enterrei por concessação aos outros. Exumá-la-ei, reacenderei seu fôlego com álcool e fósforos e o velho combustível da alma deve queimar ainda, nem que por alguns segundos, talvez um punhado de terceiros e, com muita, muita, muita sorte, quartos e quintos.

Depois novamente a brusquidão do vazio e o tédio sem fim, esse tédio de jardins de cascalho pré-arranjados de modo a projetar sombras, jardim de sombras, de momentos projetados pela presença ou ausência da luz, jardim de mesmices inéditas que dependem de nuvens, clarezas e obscuridades. E o movimento do rodo, todo de madeira, levando e trazendo o cascalho, o barulho insuportável, que não me faz falta, de uma betoneira conceitual que só não é mais repetitiva porque manuseada por mãos humanas e falhas e cansadas.

Agora, meu encontro adiado com o que importa.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home