Thursday, June 23, 2005

Mais uma vez!

Ok! Vou ser sincero pra caramba e adiantar que não tô bem hoje. Sei que isso não é da conta de ninguém, que não influencia em nada a vida de vocês, mas, sacumé, sempre tento dizer pras pessoas próximas quando não tô bem e acho justo avisar pro caso de algo que escreva aqui hoje soar excessivamente amargo, desolado ou de mal com a vida.
É uma questão de respeito.
Isso tudo por causa de um problema que não vou comentar, mas que pensei que estivesse bem encaminhado e prestes a ser resolvido. Trata-se, pra variar, de mais uma frustração, mais uma dor de cabeça que não procurei e que deu as caras mesmo assim.
Agora que tá todo mundo alertado, podemos passar 'a programação normal.
E a programação normal inclui minha renovada má-vontade com os quadrinhos que se dizem comerciais e que repetem sempre a mesma ladainha. Sim, eu sei. Tenho lido quadrinhos a vida toda. Aprendi a ler com o incentivo de descobrir o que era dito pelas pessoinhas naquela historinha antiga do Richard Dragon que tinha o Tigre de Bronze como coadjuvante. Artes marciais super-heroísticas, mais uma moda dos anos 70. Enfim, pegava o gibi escondido da reserva particular do meu irmão, mantida devidamente guardada numa caixa de isopor em cima do guarda-roupa e ia aplicando o que aprendi no dia anterior com a vizinha estudante de magistério que treinava seus conhecimentos de alfabetização também recém-adquiridos com as crianças da vizinhança. Tudo muito experimental. Nem sei como descobri que aqueles balões brancos indicavam a fala das personagens, mas a essa altura já não importa.
O que quero dizer com tudo isso?
Por exemplo, que pouquíssima gente faz um uso mais ousado do material que compõe uma história em quadrinhos. Pouca mesmo. Já falei da moda da descompressão que grassa por aí e foi um dos motivos da ignição de minha ojeriza aos comics em geral. Além disso, é claro, tem aquele lance de tornar o que foi experimental na década de 80 (supressão de recordatórios, onomatopéias e que tais) em regra. Você pode ler praticamente qualquer gibi sem dar de cara com esses renegados dos quadrinhos. Falo de recordatórios com narrador onisciente. Recordatório com narrativa em off de um dos personagens, ao contrário, é regra. 'As vezes é possível esbarrar nas onomatopéias, mas como o verbo usado sugere, é algo acidental.
O interessante é que a implementação das ditas regras não fez com que o "criador" de quadrinhos médio surgisse com nenhuma novidade, além, é claro, da narrativa cinematográfica. O que me pergunto é o seguinte: por que, caralho, precisamos de narrativa cinematográfica em quadrinhos quando temos o cinema, porra? Lugar de narrativa cinematográfica é no cinema! Há uma série de outras possibilidades narrativas ainda inexploradas nos quadrinhos que vêm sendo negligenciadas.
Por preguiça.
Porque pra sobreviver dessa mídia é necessário escrever um punhado de títulos ou por puro egoísmo, porque o cara decidiu que é comercial o suficiente pra escrever 5, 6 títulos por mês e não pode se dedicar 'a execução de nenhum como deveria fazer.
Há exceções, claro, mas essas sequer chegam perto de nossas praias.
Então, o que dá pra fazer em termos de quadrinhos e que não é feito pelos americanos por serem comerciais demais deveria ser feito por pessoas que não ganham nada pra fazê-los, mas os fazem por amor.
Nós.
É essa a regra pra fazer quadrinhos brasileiros, com identidade nacional. Se é que alguém se importa.
Chega de mangás, chega de comics.
Chega de imitação barata.

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