Wednesday, August 31, 2005

Versos.

E não versus. Distinção importante, porém, não essencial. Enquanto digitava o título de hoje pensava em qualquer coisa que caberia no espaço e que sugerisse mais que dissesse, culpa dos simbolistas, de Mallarmé, mais especificamente.
Pensando em poesia e pensando em versos, lembrei de Bandeira, que escreveu:
Eu faço versos como quem chora,
de desalento, de desencanto,
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo maior de pranto.
'As vezes é preciso fazer rcp de emoções. Vendo o making off de BEST OF YOU hoje soube que não se trata de um fenômeno localizado. Aliás, apesar de estar longe de ser original, é um dos clipes que mais gosto de assistir. O motivo: um lobo que aparece em alguns poucos frames mas que é de uma expressividade sem tamanho.
O lobo me faz lembrar que os canídeos têm uma capacidade emotiva comparável 'a nossa, humana, no caso de alguém aí não se lembrar.
Lógico que você não espera sustentar tudo com emoções e se, veja só, é um grande SE (como agora deve ter ficado óbvio e, até, redundante) um dia decidir ler HAMLET pra um lobo faminto, saiba que ele vai encarar a experiência de um modo bastante pragmático.
Se pusermos em palavras o que se passaria pela cabeça do lupino hipotético, teríamos algo assim: "Hm, tô com fome! Tem essa refeição grunhindo na minha frente... hm, tô com fome!" e, sem dúvida, não hesitaria muito em devorar o dito leitor. O único problema seria um par de coisas a serem cuspidos durante a mastigação. Como um livro, um par de sapatos...
Enfim, emoção não significa, necessariamente, qualquer tipo de ligação afetiva. Acho até que pode temperar relacionamentos, mas relacionamentos são objetos subjetivos ( eu sei, EU SEI) construídos com um material, também, hipotético: o tempo.
O que me leva a perguntar: estarei dormindo e tendo um sonho alucinatório no qual digito coisas sem sentido aparente que, depois de uma pormenorizada análise junguiana, vão se mostrar de uma profundidade obscura e oculta?

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