Thursday, June 30, 2005

Ó, raios!

Que não caem no mesmo lugar duas vezes seguidas, segundo a lenda. Acho que vi isso no trailler de GUERRA DOS MUNDOS e, por total falta de assunto, comecei por essa observação. É o tal jogo de livre associação de idéias mais comum num volume de STREAM do que em outras entradas.
De qualquer modo, nada contra H.G.Wells, nem mesmo contra Spielberg, que se redimiu a meus olhos com PRENDA-ME SE FOR CAPAZ, depois de MINORITY REPORT. aliás, se puder, leia o conto do K.Dick, muito melhor, diga-se.
Tudo isso me traz ao ponto que deveria ter abordado desde o princípio: a discussão com minha parceira, já recorrente, a respeito dos méritos de escritores de ficção científica em despertar o mundo pra invenções possíveis.
Ela defende, e até certo ponto endosso sua defesa, que os ditos autores tiveram contato com precursores dos inventos. Segundo ela, Jules Verne teria conhecido cientistas que já pensavam, por exemplo, em modos funcionais de mandar o homem 'a lua ou ao fundo do mar em um submarino no século XIX.
Eu, por minha vez, defendo que Verne era capaz de, a partir de seus próprios estudos, criar todo um aparato ficcional a partir da extrapolação dos conhecimentos adquiridos com leituras e que mais.
Já tentei explicar pra ela o IDEASPACE com sucesso relativo, já que o pdv de que dispõe é, em certos pontos, bem mais cético do que o meu. Não tenho como discutir a força da idéia dela, até porque acredito em inteligência compartilhada. Acho que pessoas capazes de trocar sempre acrescentam mais ao background cultural comum.
Continuo lamentando a falta de interlocutores sobre o assunto, mas não posso dizer que estou totalmente ilhado.
Sobre a CÁPSULA de ontem, ainda estou trabalhando no meu conceito de um Krusty jovem e irritadiço pra estrelar seu próprio episódio. Mais sobre isso talvez em menos tempo do que o esperado. BATALHA SEM FIM é um tipo de homenagem póstuma a O GRANDE JOGO. Quase um resumo do que a longa seria.

Wednesday, June 29, 2005

Mais um.

CÁPSULAS: “BATALHA SEM FIM”
A.Moraes

Painel 1;
Jaime é esguio, compacto, com musculatura definida e usa jeans e camiseta escura, além de um par de All-star de cano alto e luvas no melhor estilo SPIRIT (Eisner, hm?). Cabelo tosado. Neste aqui o mostramos socando um sujeito vestido de branco da cabeça aos pés, com um único detalhe escuro na braçadeira: uma cruz pintada a mão toscamente o bastante pra parecer um ferimento que sangra.

RECORDATÓRIO: “Há quanto tempo?”, Jaime tenta lembrar, sem sucesso.

RECORDATÓRIO: No momento lhe parecem milênios desde que a sanidade escorreu entre seus dedos.

Painel 2;
O primeiro cara está inconsciente no chão e dois novos, vestidos do mesmo jeito, atacam. Jaime chuta o saco do mais próximo e...

RECORDATÓRIO: Ele mal consegue lembrar de como eram as coisas antes da tempestade de merda atingi-lo.

RECORDATÓRIO: Só reagir.

Painel 3;
...abaixa-se, esquivando-se do golpe do segundo e contragolpeando-o atrás do pescoço. Na nuca, sabe?

RECORDATÓRIO: Com o aumento das dificuldades, houve um desenvolvimento proporcional de sua capacidade de resistir.

Painel 4;
Mais atacantes, desta vez 4, aproximam-se rapidamente, um deles com uma 9 mm atirando diretamente em Jaime, que, mais ou menos como Neo (MATRIX), salta para o alto, saindo da linha de fogo e já tem a mão direita numa faca oculta no cano alto de seu tênis.

RECORDATÓRIO: Ele se tornou muito bom no jogo da sobrevivência.

Painel 5;
Pequeno mesmo. Pode mostrar só, em close, a mão de Jaime sacando a faca e...

RECORDATÓRIO: O melhor, pelo que sabe.

RECORDATÓRIO: Talvez, o único.

Painel 6;
... a arremessa de modo que ela se enfia no cano da arma do oponente, que, óbvio, explode.

RECORDATÓRIO: O único que ainda resiste ao SISTEMA.

Painel 7;
Fecha em Jaime, com as sombras dos 3 adversários restantes projetando-se no chão ao seu redor, como se o cercassem. Ele tem um sorriso satisfeito no rosto. Tipo: “Ninguém me pega”.

RECORDATÓRIO: Ele sabe que vai continuar assim.

Painel 8;
Mostra só o rosto sorridente de Jaime, e, atrás de sua cabeça, uma parede acolchoada.

RECORDATÓRIO: “Melhor queimar do que desaparecer”, pensa.

Painel 9;
Mostramos, através da janelinha gradeada de uma porta pesada, Jaime em pé, amarrado numa camisa de força e se debatendo. Na porta há uma placa em que se lê PACIENTE PERIGOSO.

RECORDATÓRIO: E ele queima em fogo lento.

FIM.

Tuesday, June 28, 2005

Observações.

Ainda sobre CÁPSULAS, ainda pensando em como variar as narrativas de modo a manter meu interesse na cosita e tudo mais, me peguei com uma ou duas soluções agradáveis (ao menos pra mim). Pontos de vista diversos sendo uma delas, evidente, porque já a tinha divulgado. Outra, e essa vai ser mais desafiadora, é mexer com o material de que se compõe a hq de modo a trazer frescor e dispersar o possível tédio que uma série de histórias similares pode impingir ao leitor. Conto com isso, aliás. Com o pré-conceito do leitor ao ler a primeira historinha e, como qualquer criatura bem-pensante, achar que a dita cuja, como visto no primeiro tratamento de O SONO DOS JUSTOS, é óbvia e se firma na pergunta, também, óbvia nela proposta.
Outro ponto é o roteiro da citada em si. Ainda não tá terminado não, gente. O que foi postado aqui é só um primeiro tratamento e o primeiro tratamento serve mais como base pro que fazer depois do que pra passar pro desenhista. Pelo menos no meu caso.
Em outros tempos, quando ainda escrevia/participava de um projeto de álbum coletico que nunca se materializou, fazia meus roteiros a toque de caixa, como se não houvesse amanhã. Agora, com toda a bagagem que tenho, não dá mais pra varar noites de sábado pra domingo só pra começar e concluir uma historinha de 5 páginas, como costumava fazer.
Cresceu um tipo de paciência agitada em mim.
Apesar de achar que o trabalho está concluído, nunca o acho perfeito e sempre quero procurar uma maneira nova de implementá-lo. Escrevendo na corrida não tem como. As histórias de gestação maior tendem a ficar melhores e outros clichês...
Agora vou dormir porque meus olhos já estão querendo saltar das órbitas. Não quero me acostumar a acordar todo dia 'as 14hs que daqui a pouco vou precisar me reprogramar pras 5, mesmo...

Monday, June 27, 2005

Muito.

Não sei o que vai sair daqui hoje, cheio de sono e coisas a fazer como estou.
Mas, vamos experimentar. O título original era MUITO, mas o sentido já se perdeu, daí devo tacar um STREAM lá em cima só por desencargo.
Não li quase nada hoje por causa da corrida que o dia foi. Acordei tarde, apesar de ter ido dormir ontem só lá pra 1 hora. Coisas da vida. A licença tem feito maravilhas por mim, acredite. Apesar de não estar contente com o que venho escrevendo, ainda estou escrevendo, o que, em si, é um tipo de vitória pessoal.
Sei que o hábito faz o monge e é nisso que me fio. Esqueci de dizer que estou lendo BREVE HISTÓRIA DO UNIVERSO, que é um must pra quem já leu RAW. De 20 MIL LÉGUAS já falei, e, apesar de não ter avançado muito na leitura, tenho gostado bastante do que leio. Que mais? Ah, OS MILIONÁRIOS, que ganhei da minha mulher, é uma leitura digestiva maravilhosa. PROSA COMPLETA DE FERNANDO PESSOA em momentos especiais. Não li mais que 100 páginas, não muito mais, mas dá pra sacar o quão humano e, ao mesmo tempo, sobrehumano foi o poeta-hidra.
Cansado.
Muito.
Acho que vou deixar o título original, mesmo e fazer STREAM outro dia.

Sunday, June 26, 2005

Outro dia.

Última antes de dormir.
Num desses sábados, depois do café e já a caminho de casa, passamos, Léo e eu, por um desses palhaços de rua que enchem bexigas de ar e dão formas variadas a elas.
O Léo disse que noutra ocasião tinha visto o mesmo cara, não muito mais velho que um de meus alunos, discutindo com a mãe de uma criança que aparentemente tentava pechinchar o preço do balão.
Ele lembrou do palhaço judeu de OS SIMPSONS como referência mais próxima da atitude do garoto pintado.
Agora que CÁPSULAS começou a rodar, esse é o tipo de personagem que me interessa.
Boa noite.

IDEASPACE.

A surpresa do dia ficou por conta da coluna do Veríssimo nO ESTADÃO. Nem tanto, porque a associação é fácil: Batman e Drácula num asilo conversam a respeito da mortalidade e dos papéis de um e outro no imaginário coletivo.
Bastou essa coincidência pra me fazer lembrar do conceito de ideaspace, divulgado por Alan Moore, Rupert Sheldrake e outros. Claro que o Rupert fala de campos morfogenéticos, mas dá praticamente na mesma. O ideaspace é um tipo de repositório de idéias que existe no inconsciente coletivo ao qual os tipos criativos recorrem em busca de idéias.
Se fui ou não buscar a minha visão do diálogo entre Drácula e Batman no mesmo lugar que Veríssimo é uma questão totalmente aberta.
Achei que valia a nota.

ROTEIRO.

CÁPSULAS: O SONO DOS JUSTOS
A.Moraes

Painel 1;
Daniel, um sujeito bem-apessoado vestindo roupa social, típica do trabalhador burocrático, dá um adeuzinho pra mulher, Michele, que se encontra parada na porta da frente de uma casa suburbana. Sorriem um pro outro.

DANIEL: Até a noite, querida!

MICHELE: Até! Não esqueça de falar com seu médico sobre as dores no pescoço!

RECORDATÓRIO: Daniel não se importa com a pequena fisgada que sente ao voltar-se para o carro.

Painel 2;
Daniel, no serviço, andando pelo corredor entre mesas de escritório equipadas com tudo de retro em que você puder pensar. Sim, isso inclui máquinas datilográficas. Edgar, um de seus colegas sentados, dirige-se a ele. Tudo muito cortês, muito educado.

EDGAR: Ei, Daniel! Melhorou do torcicolo?

DANIEL: Claro, é claro! E você, Edgar, como vai?

RECORDATÓRIO: Como a maioria das pessoas, finge um bem-estar que não existe de fato.

Painel 3;
Daniel almoçando com Franco, outro colega de trabalho, num restaurante digno de uma pintura de Hopper. Com isso, espero que você os desenhe sentados ao lado de uma grande janela de vidro que dê pra rua, onde veremos um outdoor que anuncia um produto misterioso: O SISTEMA, com o slogan abaixo: TODOS OS PROBLEMAS SOCIAIS ACABARAM.

FRANCO: E as crianças?

DANIEL: Ótimas!

RECORDATÓRIO: Ao invés disso, sonha todas as noites que há algo errado e, pela manhã, só consegue pensar que há um corpo estranho desenvolvendo-se em seu interior.

Painel 4;
Saindo do escritório, despede-se dos colegas que começam a dispersar-se imediatamente.

VÁRIOS BALÕES: Boa noite!
Bom descanso!
Até amanhã!

RECORDATÓRIO: O trabalho o mantém ocupado o bastante, na dose exata para que não enlouqueça.

Painel 5;
De volta ‘a casa, é recepcionado pela mulher e duas crianças de menos de 10 anos, seus filhos, todos com incontida alegria.

AS CRIANÇAS: Papai!
Papai!

MICHELE: Oi, amor! Foi ao médico?

DANIEL: Não, mas estou ok.

RECORDATÓRIO: Ele não mais se pergunta por que mente para Michele e resiste a levar a mão ao pescoço.

Painel 6;
Aqui mostramos Daniel em pé, a mulher sentada no sofá e as crianças no chão. A semi-penumbra da sala de estar deve dar a idéia de que é fim de noite, hora de dormir. Na tela da tevê a que todos observam automaticamente, mais propaganda: O SISTEMA, apresentando: DURMA TRANQÜILO.

DANIEL: Vamos dormir, pessoal! Ta na hora!

CRIANÇAS: AAAH! Pai, deixa mais um pouco, vai!

RECORDATÓRIO: Ele sabe que os minutos a mais que cede ‘as crianças são em seu próprio benefício. De algum modo, quer evitar deitar-se.

Painel 7;
Quarto de dormir. Daniel deitado e Michele se inclinando na cama a fim de alcançar a mesma posição que o marido.

DANIEL: Boa noite, Michele.

MICHELE: Durma bem, querido.

RECORDATÓRIO: Mas ele sabe que não vai ser assim.

RECORDATÓRIO: Sabe que, apesar de acordar refeito no dia seguinte, pronto e disposto para mais um dia de trabalho...

Painel 8;
Da cama surgem correias, amarras e grilhões que prendem a ambos, independente de quanto se debatem.

RECORDATÓRIO: ...ele não vai dormir bem.

RECORDATÓRIO: Mesmo assim, como em vários outros momentos, ele se cala.

Painel 9:
Já devidamente presos e imobilizado, surgem seringas hipodérmicas das laterais da cama que se introduzem em seus pescoços respectivos.

RECORDATÓRIO: Ele sabe o quanto seu silêncio vale para manter O SISTEMA.

FIM

Saturday, June 25, 2005

Truques.

São 2:32 e hoje, de todos os dias, estou realmente cansado e precisando deitar pra tentar conciliar um sono merecido e justo, quase tanto quanto a ira primitiva que me devora as entranhas. Ao invés de simplesmente me entregar ao torpor pré-onírico, vou insistir e martelar mais uma ou duas coisas que me ocorreram durante o período em que estive (mais) acordado.
A primeira delas é que terminei uma versão primitiva pro primeiro roteiro de CÁPSULAS. Como disse antes, quero ver se consigo fazer um tipo de "diário de trabalho" de todo o processo, do começo ao fim, como manda o figurino. Sei que devo ter escrito qualquer coisa nesse sentido ontem, mas provavelmente sem a clareza necessária, pelo que sei de mim mesmo.
A segunda tem a ver com as possibilidades de contrapontuar a primeira narrativa, já descrita aqui como algo corriqueiro e normal, mas que tem aquela tendência "absíntica" de ser subvertida, com algo totalmente fora dos padrões que compartilhamos, do tal "background cultural comum" necessário 'a qualquer comunicação.
Pensando e pensando numa velocidade que quase chega perto do limite permitido, mas que nunca o ultrapassa.
Pensei também, mais detidamente, de como é importante essa coisa aí de cima, esse background compartilhado com todo mundo.
Como é importante o diálogo no processo de aprendizagem. Sim. Tô nessa. Os monólogos megalomaníacos são "pra inglês ver" e acredito muitíssimo em conversar e aprender com a experiência alheia. O único problema que vejo nisso é que tá difícil encontrar quem queira conversar sem ostentar uma aurazinha de superioridade, mesmo de superioridade fake.
Enfim, só mais uma birra minha que deve ser devidamente desconsiderada.
Se tudo der certo, amanhã posto a primeira versão do roteiro, feito?

Lembra do diálogo que postei aqui no outro dia? Adivinha quem tá fazendo uma curta com ele? Posted by Hello

Friday, June 24, 2005

Risos, enfim.

Fazia um tempo considerável que eunão passava algumas horas diante do computador dando risadas. Foi um resgate de primeiríssima linha efetuado (pelo já citado hoje) Antonio Eder. E chegou num momento de necessidade. Quem leu o que escrevi ontem tá mais do que por dentro.
Retomando minhas elocubrações a respeito da bendita forma inesgotável dos quadrinhos e procurando cobrir aspectos que meu amigo do Paraná deixou ainda a descoberto (não, não esperem pelo mesmo bom humor) continuo pensando naquele formato de só uma página como a essência do que quer que produza de agora em diante.
"CÁPSULAS" deve ser o título do negócio, mas isso ainda pode mudar.
Ah, e antes que você pergunte, essa é a primeira vez que pretendo fazer isso: vou começar desde o começo, como manda o livro, elaborar toda a idéia e, na eventualidade de a hq ser desenhada, postá-la aqui.
A idéia é construir um mundo ficcional tijolo a tijolo. Uma página por vez até ter o suficiente pruma coletânea ou esgotar as idéias e assim por diante. Pensei num negócio bem básico pra servir de "pedra fundamental" do projeto.
A origem da idéia?
Ok. Como comentei aqui antes, recolhi todos os clássicos que serviram de inspiração pra Liga Extraordinária e os estou lendo com o máximo de atenção possível nesses tempos atribulados. Já comentei o que pude de DRÁCULA, que prendeu muito mais minha atenção na narrativa inicial de Jonathan Harker, e agora estou lendo 20 MIL LÉGUAS SUBMARINAS que é, de longe, muito melhor narrado.
A idéia que me pegou e me fez pensar nos primórdios dessa historinha que deve começar a ser narrada quase imediatamente me ocorreu devido 'a peculiar condição do narrador, Pierre Aronnax, e seus companheiros, Counseil e Ned Land, de prisioneiros com permissão de passear e conhecer o Nautilus.
A imagem inicial consiste de um sujeito saindo de casa e indo ao trabalho, conversando com seus colegas de serviço e tendo duas horas de almoço divertidas pra depois retormar o mesmo trabalho no período vespertino e, afinal, voltar pra casa. Cedo, claro. Daí ele janta, conversa com a esposa, brinca com os filhos, vê tevê... todas as atividades corriqueiras, familiares em mais de um sentido, de que temos conhecimento. Daí, na hora de deitar, a surpresa: correias e algemas surgem do nada automaticamente e prendem tanto ele como a mulher. Seringas projetam-se dos travesseiros e injetam um líquido desconhecido nos pescoços dos dois. Ambos desfalecem de imediato, engolidos por um sono sem sonhos e controlado.
Tenho que pensar no roteiro de tal forma que tudo caiba numa página só. Não preciso ser genial pra saber que esta é a idéia que eu andava procurando há tempos e com a qual ainda não tinha topado. Dá pra contar várias histórias curtas, uma página por vez, sem ser censurado e voltar 'a danadinha indefinidamente, enquanto for capaz de produzir novidades no esquema meio fc, meio fantasia. Dá até pra fazer crítica sócio-cultural, dá pra brincar com algumas idéias "malucas e belas" tão propaladas há uns anos e sair ileso no final do expediente.
Dose vai ser não apelar simplesmente pra exposição ou pro diálogo como exposição disfarçada. Mas acho que sei que consigo (sim, foi de propósito).
Textos bem postos, imagens bem colocadas, onomatopéias escolhidas 'a dedo.
Sim.
O melhor caminho é esse aí.

Tupi Or Not Tupi, ou: "Morra de inveja Straczynki".

Quadrinhos Nona Arte :: Tupi Or Not Tupi :: Hist�rias em quadrinhos (banda desenhada) para download gratuito

O link acima é pruma página de puro gênio! Aqui fica provado por A+B que Antonio Eder é mesmo um artista completo, nos moldes do saudoso Harvey Kurtzman. Quem ler o texto e não lembrar da MAD tradicional é porque nunca leu a danadinha.

Thursday, June 23, 2005

Mais uma vez!

Ok! Vou ser sincero pra caramba e adiantar que não tô bem hoje. Sei que isso não é da conta de ninguém, que não influencia em nada a vida de vocês, mas, sacumé, sempre tento dizer pras pessoas próximas quando não tô bem e acho justo avisar pro caso de algo que escreva aqui hoje soar excessivamente amargo, desolado ou de mal com a vida.
É uma questão de respeito.
Isso tudo por causa de um problema que não vou comentar, mas que pensei que estivesse bem encaminhado e prestes a ser resolvido. Trata-se, pra variar, de mais uma frustração, mais uma dor de cabeça que não procurei e que deu as caras mesmo assim.
Agora que tá todo mundo alertado, podemos passar 'a programação normal.
E a programação normal inclui minha renovada má-vontade com os quadrinhos que se dizem comerciais e que repetem sempre a mesma ladainha. Sim, eu sei. Tenho lido quadrinhos a vida toda. Aprendi a ler com o incentivo de descobrir o que era dito pelas pessoinhas naquela historinha antiga do Richard Dragon que tinha o Tigre de Bronze como coadjuvante. Artes marciais super-heroísticas, mais uma moda dos anos 70. Enfim, pegava o gibi escondido da reserva particular do meu irmão, mantida devidamente guardada numa caixa de isopor em cima do guarda-roupa e ia aplicando o que aprendi no dia anterior com a vizinha estudante de magistério que treinava seus conhecimentos de alfabetização também recém-adquiridos com as crianças da vizinhança. Tudo muito experimental. Nem sei como descobri que aqueles balões brancos indicavam a fala das personagens, mas a essa altura já não importa.
O que quero dizer com tudo isso?
Por exemplo, que pouquíssima gente faz um uso mais ousado do material que compõe uma história em quadrinhos. Pouca mesmo. Já falei da moda da descompressão que grassa por aí e foi um dos motivos da ignição de minha ojeriza aos comics em geral. Além disso, é claro, tem aquele lance de tornar o que foi experimental na década de 80 (supressão de recordatórios, onomatopéias e que tais) em regra. Você pode ler praticamente qualquer gibi sem dar de cara com esses renegados dos quadrinhos. Falo de recordatórios com narrador onisciente. Recordatório com narrativa em off de um dos personagens, ao contrário, é regra. 'As vezes é possível esbarrar nas onomatopéias, mas como o verbo usado sugere, é algo acidental.
O interessante é que a implementação das ditas regras não fez com que o "criador" de quadrinhos médio surgisse com nenhuma novidade, além, é claro, da narrativa cinematográfica. O que me pergunto é o seguinte: por que, caralho, precisamos de narrativa cinematográfica em quadrinhos quando temos o cinema, porra? Lugar de narrativa cinematográfica é no cinema! Há uma série de outras possibilidades narrativas ainda inexploradas nos quadrinhos que vêm sendo negligenciadas.
Por preguiça.
Porque pra sobreviver dessa mídia é necessário escrever um punhado de títulos ou por puro egoísmo, porque o cara decidiu que é comercial o suficiente pra escrever 5, 6 títulos por mês e não pode se dedicar 'a execução de nenhum como deveria fazer.
Há exceções, claro, mas essas sequer chegam perto de nossas praias.
Então, o que dá pra fazer em termos de quadrinhos e que não é feito pelos americanos por serem comerciais demais deveria ser feito por pessoas que não ganham nada pra fazê-los, mas os fazem por amor.
Nós.
É essa a regra pra fazer quadrinhos brasileiros, com identidade nacional. Se é que alguém se importa.
Chega de mangás, chega de comics.
Chega de imitação barata.

Wednesday, June 22, 2005

SAW.

Vi "Saw" e me pergunto se não é redundante dizer isso. Como o próprio filme é mais uma das redundâncias (mais um campeão de reviravoltas, aparentemente a nova, como é que eles dizem, "fad") hollywoodianas de plantão acho que posso me desculpar, certo? É, é MESMO uma pergunta retórica.
De qualquer jeito teve seu mérito, porque me fez pensar n"o filme", quase um dos personagens principais de RECONHECIMENTO DE PADRÕES. Gibson tirou essa de uma cartola de mágico e me manteve mais interessado nos detalhes de qualquer coisa que assisto hoje em dia. Imagine um filme divulgado via www um fotograma por vez, ou um conjunto minúsculo deles, com apenas segundos de ação. Imagine que uma legião de pessoas formem um quase-culto ao redor dessa "peça de arte". Depois subverta tudo e você terá aproximadamente o que o bom e novo William fez.
Como disse, me pôs pra pensar. Sim, tanto uma coisa quanto a outra. A pensar naquela proposta de quadrinhos de uma página. Começo, meio e fim dentro do retângulo, nem mais nem menos que isso.
O que me pôs pra pensar também e que foi devidamente relido nos últimos dias foi DAVID BORING, do Dan Clowes. Em dado ponto da narrativa (uma das mais longas de Clowes) o personagem (também narrador) Boring encontra uma revistinha escrita e desenhada por seu pai. Logo a supra é reduzida a apenas alguns painéis e, 'as vezes, no meio dos dramas em que se mete, David encontra tempo pra ler dois painéis de cada vez. Sim, os painéis foram convenientemente rasgados de modo a permanecerem legíveis.
Isso me interessa. A construção do significado a partir das menores unidades possíveis do material que compõe uma história. Se fosse uma novela, provavelmente leríamos uma palavra de cada vez. Imagine só se Thomas Pynchon fizesse um negócio desses...
Voltando, quero usar todas essas experiências mais algumas outras novas que venho (re)aprendendo nos meus livros teóricos (teoria da literatura, semiótica e semiologia pra quem quiser saber) pra compor as historinhas novas. Deve sair alguma coisa antes do que pretendia. E vai ser legal montar um jigsaw de painéis conforme a história evoluir.

Tuesday, June 21, 2005

CUI BONO?

Aquela minha decisão de comprimir historinhas em menos páginas nem chega a ser novidade, tá mais pra retorno 'as origens. Meus primeiros roteiros tinham méida de 4, 5, 6 páginas e as hqs mais longas que vi desenhadas, exceto por ARCANO INFERNAL, não chegaram a mais de 12 páginas.
Ninguém em sã consciência se lança na produção de nada longo demais por aqui porque sabe que a chance de continuidade ou publicação em volume único é quase igual a de ganhar na loteria. Exígua.
Fui três vezes louco, mas, valeu, não mais.
12 páginas, como disse que seria SONHO é meu teto. A não ser que alguém pague pra se fazer algo maior. Já referi por aqui minha idéia de adaptar uma obra seminal do pré-modernismo pra quadrinhos. Vai dar trabalho por conta da pesquisa mas venho levantando a bibliografia já há um par de anos, então o trabalho vai ser mesmo ler e escrever. Acho que o material, como planejei, tem bastante potencial comercial porque vai um pouco além da obra que adapta. Não é tão "árido", como já ouvi por vezes classificarem o original porque bolei um recurso narrativo que "tempera" o material de modo a torná-lo mais apetecível. Mas, só projeto. Apesar de ficar fazendo teasing disso aqui, não tenho idéia se vou me dar o trabalho de escrever nada além do plot.
Voltando, tô interessado, mais ou menos interessado, quero dizer, em brincar com historinhas mais curtas. As possibilidades do formato. Pensando em experimentar com histórias de uma página... algo parecido com as páginas dominicais de quadrinhos de muito e muito tempo atrás... fazê-las como narrativas fechadas em si, mas que, quando lidas em conjunto, funcionem como peças de uma história maior.
Quando tiver mais sobre isso vou dando toques.
Fim da transmissão, mas antes a resposta da pergunta: EGO.

Vazio.

Acho que nunca gastei tanto tempo lendo sobre gibis a serem lançados como hoje. A parte engraçada disso é que todos pareciam exatamente o mesmo. É a indústria do hype... o jeito que você descreve seu produto vende ou não o danadinho. Mais ou menos como traillers de cinema. Você junta tudo e escreve/descreve o material com entusiasmo, abastecido por grandes doses de Prozac engolido com vodka e pronto!
Só que tem esse detalhe de tudo soar muito igual...
Quanto a isso não tem jeito.
De repente tem a ver com o fato da homogenização de todas as coisas seqüênciais, quem sabe. Quando não estão copiando os benditos supas estão fazendo versão mangá de sabe-se lá o quê. E, olha só, nem tô falando de brasileiro, que trampo de brasileiro mal se vê por aí... quer dizer, em bancas de jornal, que é onde termino comprando meus gibizinhos.
Enfim, lembro de um conto do Papini, "O diabo tentado", em que o narrador propõe ao 'coisa ruim' um modo de trazer o apocalipse 'a Terra mais rapidamente. A solução era tornar todas as coisas iguais, esquecendo o que as diferenciava.
Pra mim tá fácil dizer o motivo do mercado de quadrinhos não fazer mais juz sequer 'a palavra mercado: é tudo igual, pô!
E, como não podia deixar de ser, uma das minhas colaborações pressa mídia apareceu no número mais recente do conceituado fanzine Manicomics: trata-se de BÊBADA, BONITA E ACOMPANHADA, que originalmente era um contículo que adaptei em menos de duas horas pro Antonio Eder desenhar e já saiu no Almanaque Entropya e na coleção de historinhas do Antonio ESPECTROS MICROSCÓPICOS. Legal, né?

Monday, June 20, 2005

Ouch!

Lá se vai... outro dia ralo a baixo, tanta coisa que quis fazer mas, simples e objetivamente, não tive tempo porque DORMI até as 11hs. Rárárá! como é bom poder fazer esse tipo de coisa.
Enfim, não consegui nem trabalhar, ainda, em mais daquele roteiro mequetrefe de que postei a primeira página ontem. Provável que tenha a ver com a síndrome do pânico paralisante e peculiar que desenvolvi... pra que escrever se não vai sair desse estágio? Enfim, pelo prazer do exercício tá bom o suficiente no momento. No mais, essa historinha me dá uma tarefa extra que se constitui em resumir o máximo possível uma trama com proporções de novela a algo com, no máximo, 12 páginas. Isso mesmo, eu disse.
Claro que isso pode receber a nomenclatura de "preguiça", pura e simples, mas prefiro pensar no outro lado da moeda. Condensar também é uma arte, e vou fazer uso de todos os recursos possíveis das historinhas pra ter a minha contada no menor número de páginas. Recordatórios com narrador onisciente (checado!), onomatopéias, loucura seletiva, diálogos espertos e cortantes, ação, drama, personagens fortes e todo o resto. Vai ser uma zona só.
Sobre a "maria-mulata": quem vive em cidades litorâneas ou perto do mangue já viu aqueles mini-caranguejos, certo? Agora pegue o signo zodiacal de Câncer ou o simbolismo do dito cujo e veja o quanto dá pra dizer com tão pouco.
Fui ver o novo Batman hoje e, imagine só, Bale é o melhor até o momento, o mais perfeito Bruce Wayne... mas ainda fico com o segundo filme de Burton como o melhor Batman.
Péssimo uso de Drácula no papel de James Gordon. Em momento nenhum ele treina o jovem morcego.

Sunday, June 19, 2005

Página 1;

(Noutro dia publiquei aqui o aquecimento, hoje é a vez dos primeiros painéis)
Painel 1;
Lembra daquele esboço da primeira página que te mostrei outro dia? Pois bem, esqueça. Sabe aqueles pesos de papel feitos de vidro que têm qualquer objeto dentro? Lembro que no carro do meu irmão o câmbio era parecido com uma daquelas coisas. Então, o que eu gostaria que aparecesse aqui, sobre o criado-mudo, é um peso de papel daquele tipo, de vidro, com uma maria-mulata presa dentro. Por ser uma superfície reflexiva, vamos no basear no que aparecer nela pra narrar os acontecimentos, feito? Neste primeiro, vemos uma mão que se estende da direção dele e vai envolvê-lo a seguir.
RECORDATÓRIO: A memória vem pregando peças em Daniel ultimamente. Em dados momentos ele parece incapaz de lembrar-se de coisas óbvias.
RECORDATÓRIO: Quase como se não estivesse ali, na maioria das vezes confundindo sua identidade com a do narrador onisciente de um livro ruim.
Painel 2;
Aqui mostramos a mão, não seu reflexo, já de posse do peso de pael enquanto uma outra tira um caderno de esboços de baixo dele.
RECORDATÓRIO: 'As vezes ele sonha com outra vida, parecida em alguns aspectos com a atual, mas menos feliz.
Painel 3;
Vemos uma quase repetição do painel 1, com o peso de pael sendo devolvido ao mesmo lugar em que estava antes, sobre o criado-mudo, exceto que agora não mais apoiado em cima do caderno.
RECORDATÓRIO: Quando isso acontece, ele acorda durante a noite e perscruta o quarto, conferindo tudo.
Painel 4;
Aproximando mais do globo de vidro, vemos mais reflexões do quarto, melhor, vemos o qurto algo indefinido refletido nele. Uma figura masculina sentada na beira da cama, curvando-se sobre outra figura, indefinida, deitada e dormindo atrás dele...
RECORDATÓRIO: Ele aspira o cheiro de jasmim que parece desprender-se naturalmente dela e toca sua pele suave e pálida.
RECORDATÓRIO: Quase como um Klint.
Painel 5;
O homem do painel anterior em pé, sua silhueta refletida e curva segura nas mãos o caderno de desenhos, na cama, a mulher adormecida.
RECORDATÓRIO: A arte é seu motor e seu parâmetro.
RECORDATÓRIO: Daniel rouba motivos e idéias pra sua arte de onde pode, inclusive da vida infeliz que cultiva em seus sonhos.

Saturday, June 18, 2005

Stream v.3

Forçado a isso pelas circunstâncias nada convencionais em que me encontro, decidi deixar mais uma vez o fluxo tomar conta e seja o que a energia que permeia e organiza o universo quiser.
Engraçado como digitei duas letras com um só toque no teclado.
E como as letras estão, lenta e inexoravelmente, desaparecendo dele.
Hoje o dia se fez em luz porque estive, por alguns pentelhésimos de segundos, na intimidade de uma jovem fêmea de mesma espécie, sem é claro, que ela soubesse disso. As coisas que acontecem no campo da imaginação são mais difíceis de serem partilhadas. Mesmo escrevendo aqui e partilhando com vocês cinco não o estou fazendo com ela que seria, a meu ver, uma das maiores interessadas. E sequer sei seu nome. Na verdade, nem lembro do rosto. Que mais posso escrever aqui pra ser irremediavelmente classificado como porco chauvinista? Talvez falar a respeito do jogo de pernas, hã? Sim, sim. Poderia, por que não?
Acho que estou sendo afetado, como sempre hei de ser, pelo romance contemporâneo que estou lendo. NO BEAST SO FIERCE, de Ed Bunker. Narrativa em primeira pessoa de um ex-presidiário (se depender de suas ações a situação se reverterá em breve) que passa o diabo na mão de um oficial de condicional certinho em excesso e deixa de cumpri-la na primeira oportunidade a fim de viver a tão mitológica e divulgada liberdade.
Digo isso porque nutro algo de marginal em mim mesmo, uma parte pequenininha mas significativa que tem sérios problemas com figuras de autoridade e um pendor pela desordem eventual. Claro que isso não condiz muito com minha atividade no mundo secular que, na melhor das hipóteses, pode ser considerada como algo repressora. Ou foi tornada nisso por pessoas que não sabiam melhor. Daí um dos conflitos internos que vivo diariamente.
Mas falava da influência do livro, da necessidade de subverter um tantinho as convenções. Só isso, nenhum "crime" verdadeiro ou imaginário. Só um momento menos cheio de pudor que aumentou a velocidade da circulação sangüínea em meu corpo pelos segundos em que meu coração acelerou, pelos segundos que durou a visão daquelas pernas que andavam com tamanha segurança e tão desprotegidas.
Depois, em casa, assitindo 'a tevê, um espetáculo de carne gratuito que em nada se assemelhava 'a delicadeza inefável dos segundos sob a escada... ih, falei! Cuidado! Rárárá... infantil e tudo mais, mas ainda assim, cheio de vida, vida em abundância.

Friday, June 17, 2005

Captain Comet, ou a "originalidade" de J.M.Straczynski.

Don Markstein's Toonopedia: Captain Comet

Uma das coisas que me surpreenderam quando li o que tem nesse link foi a incrível capacidade de Zynski em não usar sequer uma idéia original nas suas historinhas. Aqui você toma conhecimento de mais uma peça, além de HIGHLANDER e WATCHMEN, é claro, na mixórdia que é RISING STARS. Enjoy.

Aquecimento.

(O que segue é um "aquecimento", prática que se tornou corriqueira e conhecida na minha empreitada pra escrever historinhas. Você vai notar que me dirijo ao desenhista nominalmente, mas isso se tornou patente por ser ele o cara que sempre esteve ao meu lado sem dar pra trás em momento nenhum, tornando-se o artista ideal pro que quer que minha imaginação febril cozinhe.)
SONHO
A.Moraes
Página 1;
A página 1 dessa histprinha não vai ser esclarecedora, a não ser pelo fato de que vou aproveitá-la pra informar você, meu caro Léo, que pretendo adotar a "não-grade" de 5 painéis a fim de aumentar sua participação na composição do trabalho planejado. Sim, cinco painéis hão de ser, mas desde já deixando claro que, se São Bernie Krigstein baixar e você sentir necessidade de acrescentar mais painéis pra descrever determinada cena-ação tem, de pronto, minha anuência. Acima de tudo, quero que seja ousado, explicite todo o grafismo que lhe corre nas veias e nunca, isso mesmo, nunca deixe que as palavras limitem a grandeza de sua imaginação. Esta história, afinal, se passa na noosfera, ou seja, no campo da psique, tanto quanto na biosfera. O conselho é: não siga conselhos, não restrinja movimentos. Assim, os cinco painéis casam com essa idéia porque vão te obrigar a fugir de uma fórmula pronta que a grade daria. Bem-vindo ao deserto do real que é a criação de algo a partir da página em branco. Claro que o intuito é também buscar organicidade onde não haveria coisa alguma. Os painéis são os blocos que usamos pra construir a casa e também são a casa, a propriedade, as pessoas que vivem ali, a paisagem que se ordena-recorta ao seu redor e mesmo um ponto infinitamente pequeno mostrado numa fotografia do país tirada por satélite. Do mesmo modo, alguém que observe nossa galáxia estará olhando também para o bloco.

Thursday, June 16, 2005

Prestige de l'uniforme.

Expresso - La collection de toutes les humeurs

Bande desinée francesa, escrita por alguém do Laos com uma arte 'a pincelada digna de Pope e outros iconoclastas que fundem ao invés de dividir.

Nada...

...específico pra falar hoje. Se quiser, vá lendo que as coisas tendem a acontecer quando me aproximo do teclado, independentemente de ter ou não assunto sobre o qual descorrer.
Lendo um pouco sobre hólons que, em tese, são componentes, partes, quero dizer, e todo simultaneamente. Hm, melhor seguir a lição do sr. King e me poupar dos advérbios de modo. Embora pareçam por vezes a saída mais lógica pra dar o tom do verbo tem o mesmo potencial pra travar a prosa. De novo: hólons. E gostei do conceito!
Um átomo, por exemplo, é um hólon pois é completo em si mesmo e ainda assim faz parte de algo maior, uma molécula, por exemplo. Lógico que isso é específico pra física, mas os hólons se estendem pra além dela.
O ser humano, macho e fêmea, é um hólon.
É, decidi, gosto mesmo dessa idéia.
Casa com minha vontade de buscar melhores resultados em qualquer produção ficcional e reverbera a coluna THE BASEMENT TAPES que li ontem em que dois comic writers discutiam o modo como as historinhas vêm sendo diluídas cada vez mais em infinitas páginas, 'as vezes negando quase em definitivo pro leitor a satisfação de ver algo concluído.
Talvez as historinhas também devam funcionar como hólons. Você deveria ser capaz de apanhar um número qualquer de qualquer revistinha seriada e, lendo seu conteúdo de capa 'a capa, conseguir tirar algum entretenimento ou prazer estético com a experiência. É, os criadores de historinhas do filão mais comercial e divulgado, por isso mais visível, vem negligenciando esse aspecto do negócio, essa satisfação do leitor com o produto serializado.
Numa analogia meio esdrúxula, até o viciado em heroína consegue alguma satisfação quando toma uma dose. Os viciados em historinhas deveriam ter pelo menos a mesma satisfação passageira. O ideal, aliás, seria esse: que o leitor sentisse a compulsão de buscar a nova dose de satisfação na banca mais próxima assim que o efeito da atual desaparecesse.
Ao invés disso, os editores estaõ diluindo a droga de tal forma que as doses tem que ser cada vez maiores pra satisfazer as necessidades do leitor. Daí o tpb.

Wednesday, June 15, 2005

Batmania.

O que me surpreendeu hoje, coisa em que não tinha pensado até a tarde, é o fato de Drácula estar no filme de Batman interpretando James Gordon. E faz sentido: nas historinhas Gordon é um tipo de figura paterna pra Batman e quem melhor que Drácula pra ser "pai" do homem-morcego? (Por alguns segundos senti vontade de escrever "homem-tainha" por motivo não-especificado nas prescrições medicamentosas).
Wayne, aliás, se veste como morcego com o objetivo de aterrorizar os criminosos "covardes e supersticiosos das classes menos favorecidas". Quem mais competente que o maior dos 3 monstros clássicos da Hammer pra lhe ensinar o verdadeiro significado do horror?
Imagino Gordon esfregando as mãos e acendendo um cigarro depois de acionar o bat-sinal, satisfeito por ter um continuador de seu trabalho, alguém que vista a capa e assuste pessoas... quando o jovem Batman se aproxima tentando ser furtivo, Gordon finge espanto a fim de estimulá-lo e parte imediatamente pras aulas noturnas.
-O que você faria se fosse encurralado num beco sem saída?-pergunta Gordon, lembrando do momento em que Van Helsing e seus asseclas o cercaram no armário do quarto da apetitosa Mina Harker.
-Ah, isso é fácil! É só blefar dizendo que conheço 20 maneiras diferentes de sair da situação, sendo que 19 delas matam e a restante aleija! Claro que vou fazer uma voz uns dois oitavos mais grave pra que eles se assustem e vou ser, bom, mais firme, né?
Gordon balança a cabeça decepcionado e não menciona quão mais fácil seria se o discípulo simplesmente se transformasse num bando de ratazanas e dispersasse pra depois reagrupar. "Funcionava tão bem comigo..." pensa consigo. Ao invés disso, diz entre dentes:
-Você tem que pensar como um estrategista, rapaz! Que tal uma ação evasiva? Transformar-se em névoa, talvez?
-Você quer que eu use as bombas de fumaça, Jim?
-Olha, filho, vamos esquecer isso por enquanto, ok? Que tal treinarmos sua "cara assustadora"? Arreganhe os lábios e ponha os caninos pra fora!
-Ahfim?

Tuesday, June 14, 2005

Agorinha.

Tava anotando uma ou outra coisa a respeito de espadas e romance quando a oportunidade surgiu pra voltar on-line e escrever aqui, daí, ainda no impulso do mesmo assunto, divago...
Lendo um tanto considerável do que restava de INFINITO, encontrei um trecho em que o sr. Dyson fala do recuo tecnológico que o Japão sofreu depois da introdução de armas de fogo no país por volta do séc.XVII. Sim, por causa da igualdade que o instrumento de morte mais sofisticado tecnologicamente introduziu com sua presença, samurais que treinaram a vida inteira para serem as "armas" viram-se numa situação desfavorável e usaram sua influência política e social pra praticamente banir a arma de fogo em favor da boa e velha espada. Um retrocesso que certamente prolongou mais vidas...
Por outro lado o romance, melhor, o romantismo, é também uma resposta direta, quase uma reação alérgica, ao Iluminismo que nos deu Isaac Newton e seus "Princípios". Sim, de repente, não mais teocentrismo e sim antropocentrismo e, talvez, o homem ainda não estivesse pronto pra se ver como centro das atenções nesse teatro trágico da realidade.
Talvez ainda não esteja, daí a dúvida e angústia que as sombras de uma nova idade das trevas nos traz.

Monday, June 13, 2005

Stream v .2

Muitas coisas me ocorrendo ao mesmo tempo e eu aqui com dificuldade de coordenar os pensamentos.
E não pára mesmo.
A impressão de velocidade crescente se deve, talvez, 'a rápida expansão da matéria universal que, paradoxalmente, levará 'a entropia. Se entendi direito, o universo não é infinito nem pode expandir-se infinitamente, daí que a expansão teórica diminui com a passagem do tempo e, possível, como na experiência visível de entropia com uma panela em que fervemos água, em que produzimos o movimento de suas moléculas fazendo com que essas se choquem e se aqueçam até evaporarem ou se resfriem... enfim, antes que me perca no raciocínio tortuoso que resolvi utilizar hoje, acho que a panela com água funciona como um colisor de partículas rudimentar em que é possível fazer essa experiência... a entropia é a ausência de movimento, o congelamento, daí a comparação com a água que primeiro ferve, movendo-se incessantemente, depois, ainda em movimento, dispersa-se em outro estado ou retorna ao respouso original. Se em estado gasoso, a água há de dissipar-se, expandir-se enquanto houver espaço para isso. Claro que se não o houver, a consequência é a condensação e o retorno ao estado original, do mesmo jeito.
Daí imaginei que a Terra é um sapo.
Um sapo como naquela experiência em que se coloca um sapo na água fria de uma panela e se aquece a supra lentamente, de modo que o dito sapo não sinta a variação de temperatura e , assim, não reaja 'a ela.
Em pouco tempo ele estará morto, cozido, suas entranhas sem movimento, mas seu exterior, exposto 'a água ainda em movimento, também se moverá, causando a ilusão de vida.
Mantenha essa imagem firme no olho da mente por alguns minutos.
A terra é um sapo morto e cozido que ainda parece vivo por causa da água, do universo, que o cerca e o atinge vezes sem conta.
O resto é ilusão.

Sunday, June 12, 2005

Diálogo.

A: A gente tá mesmo tendo essa conversa?

B: O quê...?

A: Você tá mesmo me dizendo que acredita que um vampiro deu sumiço no teu corretor?

B: É.

A: No teu corretor de imóveis?

B: É, pô!

A: A troco de quê, caralho?

B: Drácula, cara!

A: Drácula? Que raio de resposta é essa?

B: Porra, cê não viu o filme?

A: O filme? E o que o filme tem a ver com o vampiro que sumiu com o teu corretor?

B: Tudo! É tão óbvio!

A: Puta! Sei que vou me arrepender de dizer isso, mas fala aí, vai...

B: Cara, é muito claro: meu corretor foi pros Cárpatos pra tratar da venda de uma casa velha e sumiu.

A: Só isso?

B: Quer mais? É igualzinho ao filme. A única diferença é que o cara que some é advogado.

A: Mas, sei lá... ta faltando qualquer coisa aí. Qual a justificativa pra cê achar isso? Quer dizer, que merda de vampiro é essa?

B: Meu, é ó-b-vi-o! O cara contrata o corretor, consegue o que quer dele e, na seqüência, entrega o cara pras minas-vampiras dele e fim.

A: Peraí! Cê tá me dizendo que acredita nessa besteira? Mina-vampira? Drácula? Que porra cê andou tomando?

B: Ora, vá se foder! Cê disse preu falar e agora fica aí de sarro?

A: Eu disse também que ia me arrepender, né? Mas cê ainda não disse se acredita nisso, nesse papinho de vampiro... Cê acha que existe, é isso mesmo?

B: “Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem.”

A: E vampiros?

B: Sabe o que é isso?

A: Pessoas que chupam sangue de outras pessoas e só morrem quando enfiam uma estaca de madeira no...

B: Não, não! Isso que eu disse das bruxas...

A: Tá bom, tá bom, não sei, não...

B: É um ditado.

A: E o que significa?

B: Que bruxas são mentirosas.

A: E os vampiros?

B: Sei lá. Só sei das bruxas.

Saturday, June 11, 2005

Idéias.

Tive uma idéia por esses dias como decorrência direta da leitura de DRÁCULA, livro que, admito, não li em nenhuma outra ocasião e agora me pego consumindo, não por falta de material de leitura, mas por absoluta necessidade de buscar algumas informações sobre Wilhelmina Murray na fonte.
É o primeiro de uma série de romances vitorianos que lerei por conta d um projeto do mundo secular que envolve, também, a Liga Extraordinária.
Mas, voltando 'a idéia, gosto do formato de diário, cartas e anotações que o texto tomou. Começa com o diário de Jonathan Harker, passa 'as cartas entre Mina e Lucy, 'as anotações do dr. Seward sobre Renfield (fonte de inspiração pra loira em (IN)VERSÃO), diário de bordo do navio que levou o sr. dos vampiros 'a Londres e assim por diante. Tudo muito bonito e de uma organização e timing sem par.
Mas, ao mesmo tempo, quero escrever alguma coisa que remeta 'a confusão infernal que CATCH 22 é, tem se mostrado, aparenta. Quando leio dois ou mais livros ao mesmo tempo, costumo fazer esses arranjos bizarros, esses enxertos de uma idéia essencial de um no outro pra ver se consigo me sair com algum conceito puro e original e termina que funciona, que dá certo.
Minha idéia no momento, remete 'aquela frasezinha chavão (adoro chavão, adoro clichê - trabalho de imaginação = 0; rendimento = 1000): "Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem". E, claro, as idéias que podem decorrer disso.
Bruxas existem, certo?
Você não pode acreditar nelas, evidente, porque as danadinhas MENTEM!

Putz e putz novamente.

Hoje recebi de volta as provas de um álbum que ajudei a escrever uns anos atrás. Seria o segundo álbum do Gralha, mas como por essas bandas tudo é feito muito 'as carreiras e ninguém se importa com qualidade, só fui por as mãos no material depois que ele tinha sido remetido 'a editora. Do jeito que estava, evidente, não passou.
Segundo minha própria compreensão do ocorrido, isso se deveu em grande parte a uma série de erros de letreiramento e, parece, ao excesso de texto que as historinhas que escrevi tinham/têm. Sem problema algum em admitir que cometo erros, mas tava bastante puto na época pra não dar a menor importância ao que todo mundo dizia, até porque, quando pedi pra ver as provas, não fui atendido.
Não pergunte o motivo.
Só tive a chance de ver o material do jeito que foi apresentado ao editor quando me mandaram o contrato pra publicação. Rá. Dependiam de mim pra mais alguma coisa, afinal. Com esse poderzinho nas mãos, me neguei a assinar o contrato até que alguém me desse alguma satisfação a respeito de que porra estava acontecendo, do motivo exato pelo qual a porcaria do trabalho tinha sido tão mal produzido e apresentado.
Sei lá quanto tempo passou, mas responderam. O álbum não saiu até hoje e duviod que venha a dar 'as caras, o que é uma pena... não por minhas histórias, claro, perfeitamente dispensáveis, mas pelo trabalho de um desenhista que passei a admirar pela versatilidade e que participou da composição do dito cujo: Carlos Magno.
E olha que nem falei sobre o terceiro álbum do Gralha que escrevi quase sozinho, exceto pelas histórias escritas pelo hector e pelo Massula. Escrever sobre as coisas que escrevi e que nunca vão aparecer em lugar nenhum daria uma novela no sentido de como a situação toda é embaraçosa.

Thursday, June 09, 2005

Esquisitices 'a parte.

Hoje: lendo vorazmente no ônibus, entediado até a medula. Subito uma ocorrência digna de nota no dia de marasmo: uma passageira (pra lá de idosa, cujos cabelos negros só poderiam ser explicáveis através do uso pródigo de tintura ou de uma peruca muito bem fixada)estatelou-se, veemente, no corredor entre os assentos.
O que poderia ser só mais um acidente de percurso tornou-se rápida e eficazmente num pequeno drama de conseqüência zero.
A mulher, idosa demais pra sua própria segurança, permaneceu desacordada no chão do veículo em movimento até que alguém a notou. O motorista foi informado e os tripulantes, entre eles uma enfermeira, puseram-se em movimento pra avaliar a gravidade da situação. Engraçado ver que a mulher de branco tentava tomar o pulso da velha mesmo com o ônibus, trepidante, ligado e andando...
Paramos no posto dos bombeiros com o fito, aparente, de conseguir socorro. Frustração: os bombeiros só providenciam socorro, não tratamento. Choque térmico por conta do sorvete na testa.
Alguns passageiros tiraram, depois de uns 10 minutos, a mulher desmaiada do chão e tentaram colocá-la num assento, mas a supra não conseguia se firmar o bastante pra permanecer na vertical. Alguém ficou segurando-a pelo que pareceram mais minutos do que de fato foram.
Todos já convencidos de que o próximo destino seria um pronto socorro qualquer no meio do caminho, a velha subitamente ficou em pé.
Os homens que a ajudaram advertiram-na pra permanecer sentada, dizendo-lhe que cairia novamente. Ela sentou-se, resmungando.
Depois de mais um intervalo de tempo, lá estava a dita cuja em pé outra vez, resmungando mais que nunca, dizendo que não ia ficar ali pois estava sendo humilhada.
Ao descer do ônibus passou por mim.
Movida a álcool.
E eu que pensei que ela tivesse morrido quando a vi caída no corredor.

Wednesday, June 08, 2005

Comemorando.

1:40 e aqui, acordado, sem a menor preocupação de ter que acordar em duas ou três horas. Só isso já é mais que o bastante pra me deixar contente. Além, é claro, de estar numa fase estranha e produtiva, apesar de não haver canal de escoamento pra produção atual.

Tuesday, June 07, 2005

Abusando.

De minha disponibilidade de tempo. 00:42 min e ainda aqui, não na cama onde deveria estar chafurdando em sonhos premonitórios sobre futuros possíveis, mas acho que posso fazer isso hoje, já que hoje é o último dia de trabalho antes de minhas merecidas "férias" fora de época.
Sampa de novo, viagem produtiva, livros baratos e outras coisas do mesmo gênero. Apesar de querer passar a idéia de que tô inteiro, pode apostar que tô mais pra lá do que pra cá e vou precisar de todas as horas disponíveis pra lidar com o cansaço remanescente.
Pensando seriamente em encarar o desafio da adaptação mesmo que seja pra mim e tão somente pra mim e mais ninguém ponha os olhos na dita cuja, como em meus últimos 3 projetos grandes. 'As vezes acho que tô escrevendo tudo isso porque meu tempo tá esgotando depressa-depressa e é bom fazer agora, enquanto ainda o tenho. Quero tentar encarar essa e terminar, pelo menos, a pesquisa até o fim da licença. O resto vejo depois.
Vai ser bom ter alguma outra coisa com que me entreter, dessa vez, sem a possibilidade frustrante de me atrelar a qualquer parceria. Tá na hora, também, de voltar minha atenção pro meu romance curto-curto que comecei e deixei de lado, mas que é uma historinha legal, até.
Devo estar mentindo ou louco ou ambos.

Monday, June 06, 2005

Stream v .1

De agora em diante, sempre que tiver alguma vontade de escrever sem assunto específico vou adotar o "stream" como caracterizador do dito cujo. Fazia uma pseudo-coluna com esse título nos arcaicos tempos do Scriptorium chamado "Automaticon" que era meio-falácia, meio-verdade, parecido com todo o resto que aparece em forma de texto independente de língua.
Por mais que repudie e tema o modelo cartesiano da realidade admito que ele faz mais sucesso que qualquer outro. Até porque é mais fácil se enxergar e a todas as outras coisas-criaturas como partes menores de mecanismos maiores, verdadeiras engrenagenzinhas sem graça numa máquina maravilhosa que escapa 'a compreensão, o que torna desculpável a falta de esforço em tentar... issaí, nem tentar. Fato que me frustra e deixa puto, se é que as duas coisas não são sinonímias.
Daí minha atual paralisia em escrever de verdade. Preciso enxergar o texto holisticamente antes de me meter a fazê-lo e já não me satisfaço simplesmente com um fragmento, uma peça ou... sei lá. Quero ser capaz de bolar pelo menos um circuito e um circuito que faça sentido também pro leitor. Já encontrei de tudo um pouco nas minhas tentativas de contar histórias com mais de uma camada, inclusive gente que não entende a possibilidade de fazer isso e se irrita com a vontade de fazê-lo. Exemplos não faltam, mas como de costume, não é possível dizer nada além disso.
Também não importa mais, nunca importa mais. É o tipo de atividade que não dá mais pra pretender, nem mesmo pretender fazer em parceria com sei-lá-quem porque, simples, sei-lá-quem não existe, está muito ocupado com sei-lá-o-que que é decididamente mais importante e por aí vai. Poças d'água no lugar em que deveria haver intelecção. Culturas microscópicas que não pretendem tornar-se um cérebro de um quilograma.
Foda-e-meio.
Então, masturbação da mais alta octanagem pra mim. Se um dia decidir levar a cabo a intenção de escrever meu projeto holístico, integrado, vai ter que ser dependendo única e exclusivamente de minha própria munheca e das palavras que puder prender no laço.
Por outro lado, sempre que conseguir bolar um circuito, parte do sistema que dê pra ser visualizado por outrem mais capacitado que eu na lida com ícones, o farei.

Sunday, June 05, 2005

Montinho.

O fato de estar me sentindo assim, exatamente como estou agora, um montinho de merda fumegante, tem tudo a ver com minha impossibilidade de negar quem e o que sou.

Sou irascível e inteiro e não quero deixar de viver qualquer faceta de minha vida por causa de frustrações alheias. Me irrita pra caralho ter que viver 'a sombra dos outros porque, como a maioria esmagadora das pessoas (talvez também por causa de minha convivência constante com adolescentes) quero ter identidade própria e não ficar relegado 'as sombras, não ser o apêndice de ninguém.

Por tempo demais (nove meses inteiros) fui parte de outra pessoa e, afora o fato de não ter responsabilidade nenhuma na ocasião, os benefícios decorrentes de um retorno a condição supra são bastante discutíveis. Calor e umidade só pra citar dois.

Ter noção novamente do que me faz falta reacendeu uma chama... esquisito, mas real. Da escrita. O que me faz falta, o indizível de minha atual situação não é resolvível por outrem. Se alguém, algum dia decidir fazer algo a respeito, esse alguém sou eu mesmo.

De qualquer modo, foco recuperado e tudo mais e um colapso nervoso depois, me resta uma clareza cruel, uma consciência inescapável que pode ser atribuída em grande parte a atividade onírica em que o sub dá a entender ao consciente o que lhe faz falta, onde está o buraco.

Viabilizar a parte logística da satisfação dessas demandas pode ser complicado em certa medida, mas não impossível. Nunca impossível. Agora é reagrupar energias e investir contra o problema.

Mais quando o houver.

Don Markstein's Toonopedia

Don Markstein's Toonopedia

Site feito por quem e pra quem curte quadrinhos. Cobertura extensiva da Silver Age etc. De DETECTIVE CHIMP a ATOMIC KNIGHTS. Hm, tudo a ver com o ido sr.J.Broome.

Saturday, June 04, 2005

John Broome.

John Broome, Part 1

E não, ele não admite que tomou LSD durante quase toda sua carreira. E é muito gracinha.

Velho.

Tô me sentindo assim, como aí em cima.

Reunião de merda com gente com cabeça-de-merda e, visível até embaixo d'água, pretensão até os cabelos.

É o tipo de coisa que me enche o saco de verdade. Tá, é verdade: TUDO, em absoluto, me enche o saco. Sei que soou truncado, mas foda-se que é assim que ando por esses dias. Por esses meses. Ok, nos últimos 7 anos. Aliás, desde que comecei a ter ciência de mim mesmo. No final, me sinto culpado por não existir nenhuma metodologia fctível de modificação de programação mental. O mais engraçado a respeito do povo que é pretensioso é a falta de noção do tamanho de sua pretensão.

Como se mensura isso, é o que cê se pergunta, certo?

A mim cabe apenas dizer que um exame detalhado no espelho basta. A mim, basta. Os outros são os outros e o inferno também. Como é que os caras das antigas diziam? "O homem é a medida de todas as coisas"? Se é assim e cada ser humano individualmente mensura o mundo segundo seus próprios padrões e perspectivas estamos fodidos e muitíssimo mal-pagos, obrigado.

Numa nota mais grata estou descobrindo as verdades sobre CATCH 22. Delícia de livro. Segundo de uma série com números no título. Ontem terminei de ler 54 que achei mais irregular que Q, do(s) mesmo(s) autor(es): Luther Blisset, recentemente conhecido como Wu Ming. A idéia do autor coletivo me atrai. A idéia de trabalhar com outras pessoas no processo criativo é uma dor na bunda. Wu Ming leva muito bem a primeira parte do calhamaço, desanda um pouco na segunda e, depois de quase me fazer entrar em desespero com a fraseologia e estilo ellroyano, recupera a porra da peteca bem em tempo de fazer um gol(?) ou uma cesta(?) ou qualquer porra que se faça num jogo de petecas.

Aliás, alguém ainda joga peteca?

E o que é peteca?

Fora.

"Depois de um longo e tenebroso inverno" é uma das frases-clichê a que mais recorro quando estou pensando em coisas outras, diversidade do lugar-comum que, inevitável, ocorre a qualquer organismo vivo e movimento sobre a superfície planetária.
Mandei e-mails, mas já que não tenho tempo elástico pra confirmar a transmissão da info, vou usar esse espaço aqui mesmo pra comunicar que estou indisponível no dia de hoje devido ao trabalho no mundo secular. Pois é. Como se não bastasse comer a melhor parte da semana agora avança nos finais, também, dentes trincando e saliva escorrendo pelo canto da bocarra deformada.
Enquanto isso, me dei férias (outra vez) de escrever qualquer coisa que tenha sequer semelhança com ficção e pensando com vontade em adaptar um negócio pré-modernista pruma geração totalmente diferente daquela que o concebeu. Mas, pesquisa demais, tempo demais, tudo demais. Sem fundos pro projeto, não rola.
Au revoir.